Devaneios, eu sei que são devaneios em medos de pressentimento. Calma, isso passa, pensa, acredita. Acredita, sim. Quero levantar ainda que permaneça de bruços sobre o breu. De um lado para o outro, o movimento só me traz mais calor, muito calor. Travesseiro baixo, planos longínquos. Em algum lugar de um passado de sons periódicos que parecem se intensificar com o tempo ainda que permaneçam na mesma freqüência. O tic-tac em uma noite de silêncio. Ainda faz calor, preciso ir a janela renovar o ar desse quarto de sempre, mas não quero levantar. Preciso dormir, meu corpo sente além do receio de pesadelos sinestésicos em vivência desses maus pensamentos. O sono descorda. Abro os olhos, fecho-os, pisco. Medo dessa sensação de cegueira em ausência de contraste claro-escuro. Visível-Invisível. Controle- Descontrole. Tenho medo do escuro. Penso em levantar, fazer algo útil, acender as luzes, mesmo que seja só um abajur, mas. Nada poderá ser resolvido agora, nada, eu sei, só preciso dormir. Eu tenho que dormir, mas é preciso de esvaziar para adormecer em paz. Começo a sentir um desconforto, viro o tronco, jogo as pernas para o outro lado, as costas estalam, viro a cabeça em direção a janela; o amanhecer. Começa a amanhecer, por fim. Pôr fim nisso. Quero levantar, mas vejo que seus traços começam as renascer junto com o s feixes de luz, ao meu lado, ali, no melhor lugar. Seguro, cheio de ar, cheio de luz, de olhos fechados para o mundo, abertos para si, no melhor lugar. Vejo sorrir em sonhos bonitos, desfrutando de sempre boa sincronia entre eles, todos. Vou perdendo aos poucos a vontade de levantar, vou relaxando, começo a ver graça no que compõe o lugar que me encontro e vou me sentindo mais segura ao fechar os olhos. Ali, sim, ali é o melhor lugar. E ao seu lado, deito e durmo.
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
pra variar, adorei!
Dentro da SUA noite
Memórias sinestésicas não o deixam dormir. As dúvidas, que ganham formas nas sombras projetadas na parede do quarto, colaboram para o fato. Pensamentos transatlânticos, distantes. Questionamentos próximos, constantes. Estaria ele de fato apaixonado ou seria esse apenas mais um de seus devaneios? A inquietação toma conta do ambiente, até os móveis ao redor parecem desconfortáveis. Vontade de proximidade. Falta de intimidade. É preciso fazer algo para desviar o pensamento. Levanta, vai à varanda, respira, olha pra cima! A tentativa de distração e de atrair o sono é em vão. Retorna ao quarto, deita de novo, quem sabe agora? Corpo estático, alma em movimento, andando na corda-bamba que separa o céu do inferno, o vertiginoso do pecaminoso. Ele a quer, mas não pode querer, não quer querer, não pode crer. A briga interna dele versus ele mesmo o consome, faz o ponteiro girar depressa. Amanhece. Foi difícil, mas ele venceu a batalha; ele se deu por vencido. Já está cansado de contra-argumentar consigo mesmo. A discussão se faz muda. O silêncio pode ser ouvido. Sono vem chegando de mansinho, os olhos pesam... Por fim, com um sorriso nos lábios e a mente ao lado dela, ele adormece. Lá, ao lado dela, no melhor lugar.
Bom dia, Luciana,
Nos falamos rapidamente do Teatro Odisséia, no sábado, tudo bom?
Você falou que era 'letreira', comentou sobre seu blog e cá estou. Surpreso, confesso.
Gostei dos teus textos. Os de maior apreciação foram 'Boa noite, Fernando' (adoro diálogos) e 'HIV'.
E cá está, também, o endereço do humilde blog deste nem tão humilde locutor: htto://coracaodepoeta.wordpress.com/
São textos bobos e tal, nada tão forte quanto os teus, costumo puxar mais pelo humor, porém, é mais fácil você ler que eu ficar explicando, não é a mesma coisa :)
Grande beijo pra você e continue escrevendo,
Luiz (ou Johnny, não me lembro como me apresentei, porém, os dois são válidos)
Postar um comentário