domingo, julho 18, 2010

todos os caminhos levam a.

... e começa a me vir a cabeça que você poderia ir embora de forma cruel, dilacerada, quase sangüinária. Que iria doer demais, eu iria querer ir embora da cidade, do país, quem sabe, e meus planos de futuro, como ficariam? Ficaria por um tempo sem rumo, tentando me segurar a qualquer affairzinho que surgisse no metrô, numa festinha moderna, naqueles shows das bandas que minhas amigas chamam de falidas e eu de indie. Forçaria uma barra para achar alguém mediano mais legal, justificaria pra mim mesma que aquelas manias meio bizarras eram coisas do dia, também nem é tão ruim, exagero, vai. O dia viraria todo o dia, cismas irritadiças, que-sa-co, e não param de me ligar, e eu não atendo, dou desculpa, mando mensagem desmarcando, escrota!, eu sei, mas eu não enganei ninguém, eu acreditava que poderia dar certo, juro. Aí vou começar a comparar todo mundo com você, fazer drama, nunca mais vou gostar de alguém assim “y a mucha honra, maria la del bairro soy” Vou ficar nisso por um tempo, chorar no ônibus com as músicas do ipod enquanto te esqueço devagar, não tem nada mais importante pra fazer mesmo. Até o dia em que vou me dar conta que nem lembro mais de como era a sua voz, ficaria em dúvida se sua cor favorita era vermelho ou verde, não,não, verde era a cor da camisa que você mais vestia, a cor era vermelho, com toda certeza do mundo. Ou seria o contrário? Ah, sei lá, não importa mais, era a fase, e... Peraí, pára! Antes disso tudo, não me deixa esquecer a possibilidade disso tudo não acontecer?

sábado, julho 03, 2010

Polaróides ("me desculpe a pressa, mas a madrugada me chamou")


Varo a madrugada com os olhos passados sobre um livro mal lido. Pensamentos malditos - que não digo nem-sob-tor-tu-ra – passeiam pelas palavras escritas na busca de sublinharem e se apegarem a outro termo que não talvez. Talvez, só nos resta. Talvez. Talvez eu não caiba no teu mundo, e agora? Só nos restam os lamentos. Pela solidão de um mundo próprio, de cada, que não se enquadra em nada além de nós e nossas bases de talvez. Talvezes. Tais muitas vezes: eu, talvez; tu, talvez; ele, talvez; ela, talvez; nós, talvez; vós, talvez; eles, talvez; elas, talvez. Inflexíveis rumos.

Não adianta, vai, as palavras me torturam, tua imagem me tortura, bem a la ditadura. Dita: dura. Dê, ú, erre, á. Escreve, e nada muda, eu sempre acabo por revelar tudo instantaneamente. E me rever lá. Opa, quem? como? onde? quando? Coronel Mostarda, na sala de jogos, com a corda Quando... varo a madrugada com os olhos passados sobre um livro em que nem sequer sei definir direito o que nele está escrito...


(baixinho, em gradação progressiva de som: #nowplaying – polaróides, na voz da bellô veloso)