Devaneios, eu sei que são devaneios em medos de pressentimento. Calma, isso passa, pensa, acredita. Acredita, sim. Quero levantar ainda que permaneça de bruços sobre o breu. De um lado para o outro, o movimento só me traz mais calor, muito calor. Travesseiro baixo, planos longínquos. Em algum lugar de um passado de sons periódicos que parecem se intensificar com o tempo ainda que permaneçam na mesma freqüência. O tic-tac em uma noite de silêncio. Ainda faz calor, preciso ir a janela renovar o ar desse quarto de sempre, mas não quero levantar. Preciso dormir, meu corpo sente além do receio de pesadelos sinestésicos em vivência desses maus pensamentos. O sono descorda. Abro os olhos, fecho-os, pisco. Medo dessa sensação de cegueira em ausência de contraste claro-escuro. Visível-Invisível. Controle- Descontrole. Tenho medo do escuro. Penso em levantar, fazer algo útil, acender as luzes, mesmo que seja só um abajur, mas. Nada poderá ser resolvido agora, nada, eu sei, só preciso dormir. Eu tenho que dormir, mas é preciso de esvaziar para adormecer em paz. Começo a sentir um desconforto, viro o tronco, jogo as pernas para o outro lado, as costas estalam, viro a cabeça em direção a janela; o amanhecer. Começa a amanhecer, por fim. Pôr fim nisso. Quero levantar, mas vejo que seus traços começam as renascer junto com o s feixes de luz, ao meu lado, ali, no melhor lugar. Seguro, cheio de ar, cheio de luz, de olhos fechados para o mundo, abertos para si, no melhor lugar. Vejo sorrir em sonhos bonitos, desfrutando de sempre boa sincronia entre eles, todos. Vou perdendo aos poucos a vontade de levantar, vou relaxando, começo a ver graça no que compõe o lugar que me encontro e vou me sentindo mais segura ao fechar os olhos. Ali, sim, ali é o melhor lugar. E ao seu lado, deito e durmo.
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
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